quarta-feira, 21 de abril de 2010

Roteiro de Questões - Unidade I (Freud I)

Roteiro:

1. Esboce o contexto histórico cultural do surgimento da psicanálise. Para responder essa questão, leve em conta as resistências apresentadas tanto pelos médicos quanto pelos filósofos.

2. Conceitue Recalque e Resistência

3. Como Freud denomina a libido? Fale também da libido objetal e da libido narcísica.

4. O que Freud quis dizer com a frase: “A sociedade sustenta uma condição de hipocrisia social.”?

5. O que diferencia e o que aproxima: Charcot, Breuer e Freud?

6. Comente as contribuições de Breuer para a psicanálise. Qual o método utilizado por este. Cite o caso da Anna O.

7. As contribuições de Breuer de fato foram imprescindíveis ao desenvolvimento da psicanálise, mas, posteriormente, Freud escolhe trilhar outro caminho.Explique as razões que o levaram a esta decisão e quais as conseqüências desta cisão

8. Quais são os 4 quatros caminhos para o inconsciente? Explique

9. Dada a importância dos sonhos na teoria psicanalítica , comente um pouco mais sobre os sonhos levando em conta suas características.

10. Diferencie a sexualidade infantil da sexualidade adulta

11. Para Freud o que é a transferência?

12. A sublimação é uma forma de realização do desejo? Explique

domingo, 11 de abril de 2010

Roteiro de Leitura: Um estudo autobiográfico (Sigmund Freud, volume XX, 1925)

Um estudo autobiográfico – Capítulo 1, Volume XX, 1925.

Uma das maiores dificuldades de ler Freud é saber em qual momento de sua teoria o texto se situa. Isto porque as constantes mudanças teóricas processadas por ele nos exigem um constante olhar histórico, que o neófito leitor de psicanálise pode não estar a par. Para tanto, muitos transmissores da teoria de Freud constantemente preferem ensiná-lo cronologicamente. O propósito do seguinte texto é mostrar as origens de Freud, o background médico por trás do psicanalista. Com ele, ensejamos explicar um pouco de seu embasamento que o levou a interessar-se pela histeria, e também curiosidades de sua vida. Neste momento, que encerra a unidade introdutória do curso de Freud I, optamos igualmente por apresentar os dados do texto segundo a cronologia da vida de Sigmund Freud:

06/05/1856 – Freud nasce em Freiberg, na Morávia, (Tchecoslováquia).

1860 - Aos quatro anos, mudou-se para Viena onde recebeu toda sua educação. Confessa que seu interesse pela historia da Bíblia teve um efeito duradouro sobre orientações de seu interesse.

Atraído pelas teorias de Darwin e pelo ensaio de Goethe sobre a Natureza, Freud decide tornar-se estudante de Medicina.

1873 – Entra na universidade e afirma que se sentiu inferior e estranho por ser judeu, embora nunca compreendeu o porquê ele tinha de se sentir envergonhado de sua ascendência.

1876 a 1882 – Trabalhou no instituto de fisiologia com Ernest Brucke. Em 1881 tornou-se doutor em Medicina e em 1882 decide abandonar o laboratório de fisiologia para ingressar no Hospital Geral como assistente clínico, e pouco depois, foi promovido a médico estagiário.

Entrou para o Instituto de Anatomia Cerebral e passa a estudar as doenças nervosas. Nessa época, Freud publica grande número de observações clínicas sobre doenças orgânicas do sistema nervoso.

1885 – Freud foi nomeado conferencista de neuropatologia e nesse mesmo ano foi para Paris e tronou-se aluno na Salpetriere. Freud passa a traduzir para o alemão as conferências de Charcot, demonstrando grande interesse sobre suas investigações sobre a histeria. Realizou juntamente com Charcot um estudo comparativo das paralisias histéricas e orgânicas.
Antes de retornar a Viena passou um tempo em Berlim adquirindo e aprofundando conhecimentos sobre os distúrbios gerais da infância. Nessa época, publicou várias monografias sobre paralisias cerebrais unilaterais e bilaterais em crianças.

1886 – Casou-se e decidiu fixar-se em Viena. Estabeleceu-se como especialista em doenças nervosas. Ao apresentar um relatório na Sociedade de Medicina, Freud teve uma má recepção dos médicos e da autoridade. Ao apresentar um caso de hemianestesia histérica clássica à Sociedade foi bem recebido e aplaudido, no entanto reconhece que os outros médicos haviam perdido o interesse por ele. Freud gerou bastante polêmica ao afirmar a existência de histeria em homens.
Por conta desses fatos Freud se vê forçado a ingressar na Oposição, logo em seguida é excluído do laboratório de anatomia cerebral e durante muitos meses não teve onde pronunciar suas conferencias, o que o fez se afastar da vida acadêmica. Freud passa a trabalhar e se focar no hipnotismo. No entanto, percebe alguns obstáculos e limitações desse método.

1886 a 1891 – Realizou poucos trabalhos e publicações. Em 1889, Freud foi para Nancy, onde ficou como observador dos experimentos de Berheim com pacientes de um hospital. Já em 1891, apareceu o primeiro de seus estudos sobre as paralisias cerebrais de crianças. Nesse mesmo ano, Freud recebe um convite para colaborar em uma enciclopédia de Medicina, levando-o a investigar a teoria da afasia.

Roteiro de Leitura: As resistências à Psicanálise ( Sigmund Freud, volume XIX, 1924)

As resistências à psicanálise – Volume XIX, 1924.


Aqui, regressamos a um dos assuntos mais fundamentais na problematização da leitura de Freud: a intenção com que o autor escrevia alguns de seus textos, de escapar à tangente de críticas e reducionismos de seu período que, por sua vez, determinava um estilo bastante característico de explicitar idéias.
Como reagimos ao novo? Qual é o dispêndio psíquico que nos é exigido perante o desprazer do que nos é diferente? Por que repudiamos a mudança? Estes são alguns dos questionamentos que nos despertam a leitura dos primeiros parágrafos do texto. Também podemos perceber uma grande preocupação do autor em nos deixar curiosos quanto ao que ele estaria se referindo: será com relação à recepção da ciência à emergência do saber psicanalítico?
Como podemos imaginar, é própria do estatuto das ciências naturais a constante renovação de axiomas e teses que fundamentam, bem como sua evidente falibilidade e constante incerteza. Nada disso, portanto, impele repúdio por parte do que é novo. Esta afirmação é incongruente? Como haveria da ciência repudiar aquilo que lhe é atual?
É que ela não deseja ser enganada, pois nem tudo que é novo é bom. A ciência é desconfiada, cética. Segundo Freud, este ceticismo é perfeitamente justificável, mas pode apresentar dois caminhos inesperados: pode posicionar-se contra aquilo que lhe é novo, enquanto poupa aquilo que lhe é familiar e já aceito; assim como também pode negar aquilo que lhe é novo sem ter procurado conhecê-lo mais a fundo. Ao tomar estes caminhos, a ciência posiciona-se ao lado da reação primitiva de repúdio ao que é novo. A psicanálise promoveu um corte epistemológico brutal em seu período, que feriu vários campos do conhecimento. O que o presente texto fará será esmiuçar as razões pelas quais houve oposição à psicanálise, e não meramente sua forma. Comecemos a enumerar os motivos que levou a comunidade acadêmica ir contra a psicanálise:

1 – Origem da afecção neurótica:

“Eles haviam sido ensinados a respeitar apenas fatores anatômicos, físicos e químicos. Não estavam preparados para levar em consideração fatores psíquicos, e portanto, enfretaram-nos com indiferença ou antipatia” (Freud, 1924b, pp. 241). Esta frase resume excelentemente a razão que levou os médicos a desacreditar causas psicogênicas para o adoecimento da neurose, fato esse que demonstra uma base epistemológica mecanicista regendo a práxis médica. As neuroses eram somente consideradas distúrbios corporais, estados tóxicos, com os experimentos de Charcot e observações de Breuer pôde-se verificar que também são processos mentais (portanto, hipnotizando o paciente era possível produzir os sintomas somáticos da histeria, sendo assim, a psicanálise começou a considerar o problema como pertencente à natureza dos processos psíquicos).

2 – Divergência quanto ao objeto de estudo da psicologia:

Este tópico refere-se a um conflito entre a psicologia e a filosofia, especificamente.

“A idéia de filósofos sobre aquilo que é mental não era a da psicanálise. A maioria esmagadora deles vê como mental apenas os fenômenos da consciência. Para eles, o mundo da consciência coincide com a esfera do que é mental. Tudo o mais que possa se realizar na mente (...), é por eles relegado aos determinantes orgânicos dos processos mentais ou a processos paralelos aos mentais.” (Freud, 1924b, pp. 242)

Ora, se o mental é o consciente para os filósofos, para a psicanálise, o mental refere-se justamente ao contrário! O mental pertence à esfera inconsciente. Introduzir o inconsciente como célula estruturadora da psique era, certamente, uma afirmação de peso, que implicaria numa revisão tanto do caráter epistemológico do sujeito (referente à possibilidade de produção de conhecimento do sujeito) quanto do caráter ontológico dele (concernente à maneira dele de existir no mundo).
A justificativa de Freud para estes dois modos de conhecer (o psicanalítico e o filosófico) deve-se ao fato de que o filósofo jamais dispôs dos dados que o psicanalista pôde se servir para construir suas bases, isto é, não haveria meios, para a época, de acreditar em atos mentais inconscientes sem um mínimo conhecimento dos efeitos da hipnose ou da interpretação dos sonhos.

Assim, o que notamos? Notamos uma psicanálise que é fronteiriça entre dois terrenos cruéis: o da medicina, representante da ciência, que vê a psicanálise como pura especulação; e o da filosofia, que se nega a crer na clareza dos apontamentos psicanalíticos, acusando-os de partirem de premissas impossíveis.
E quanto ao escárnio evidente que toda grande teoria recebe? Lembremo-nos que Charles Darwin, ao dizer que a humanidade tinha como antepassados os mesmos seres que deram origem aos macacos, também sofreu um bocado. Pois bem, quando Freud pôs em voga a eminência da sexualidade na vida mental humana, muito lhe foi dito de denegridor e incorreto. Com freqüência, insistiam em culpar Freud por uma série de afirmações que ele mesmo não havia dito. Sua definição de sexualidade, por exemplo, não é uma mera resultante do prazer genital, mas bastante próxima do conceito de Eros, introduzido por Platão, em sua obra O banquete. Em momento algum de sua obra, inclusive, Freud defende a sexualidade humana enquanto pansexual, mas dualista. E, sobretudo, o caráter pulsional que as produções culturais, científicas e religiosas da humanidade (todos esses produtos sublimatórios) adquiriram em Freud foi mal interpretado. Como Freud procurou responder a essas questões? Para responder tal questão, inauguraremos um novo tópico:

3 – Más interpretações acerca do primado da sexualidade na teoria psicanalítica:

Segundo Freud, a humanidade encontra-se sustentada por dois pilares valiosos: o do controle das forças naturais e o da repressão da sexualidade. Quanto a ultima: “A sociedade está ciente disso – e não permitirá que o assunto seja mencionado” (Freud, 1924b, pp. 244) e “a sociedade sustenta um grau elevado de hipocrisia cultural” (Freud, 1924b, pp. 245). A repressão que falamos refere-se ao fato de que para vivermos socialmente, devemos sempre realizar concessões que fundamentalmente refere-se à nossa sexualidade. E especialmente à sexualidade genital para com nossos familiares.
O que vemos se desvelando no dizer de Freud é uma crítica contundente à moralidade, moralidade essa que duramente criticou o primado da sexualidade para a psicanálise e que é justamente o fruto desta repressão tão exarcebada. O momento histórico de Freud (e talvez o nosso...), que prenunciava a modernidade em vários aspectos, estava sendo posta em jugo, e por isso encontrou resistências por parte das pessoas de sua época.
Outro fator de ojeriza social à psicanálise foi a nova visão de infância que propunha: uma infância sexuada, perversa e polimorfa quanto aos seus objetos de prazer. Que escândalo, crianças se masturbando! E quanto ao complexo de Édipo? Desejos sexuais pelo progenitor do sexo oposto e desejos de assassinato e agressão ao progenitor de mesmo sexo? Cremos que essas afirmações, proferidas em uma sociedade de um século atrás, sejam auto-explicativas quanto à celeuma que causaram. E agora, pensemos: uma teoria que procurou trabalhar justamente com aquilo que havia sido jogado para debaixo do tapete; aquilo que, segundo Laplanche, esconde-se das crianças... A principal resistência a ela haveria de ser, sobretudo, emocional!

Freud encerra seu texto lembrando-nos do potencial disruptor de outros teóricos anteriores a ele: Darwin, que havia retirado o ser humano do centro da biologia, e Copérnico, que havia arruinado o sistema geocêntrico, retirando o planeta Terra do centro do universo. E Freud, que ferida narcísica havia realizado? A de retirar a o ser humano do centro de si mesmo, a propor o inconsciente.
Como haveria da psicanálise sobreviver a tantas críticas? Preocupemo-nos com esta questão num outro momento.

Roteiro de Leitura: Uma breve descrição da Psicanálise (Sigmund Freud, volume XIX, 1924)

Uma breve descrição da psicanálise – Volume XIX, 1924.


Este texto encontra-se num momento em que a teoria de Freud caminhava para a maturidade. Conforme nos diz a nota inicial presente no volume XIX da edição da Imago, Rio de Janeiro, de Jones, esta matéria foi escrita sob medida para editores ingleses, entre outubro e novembro de 1923. O texto preocupa-se em resumir o percurso teórico da psicanálise até então, pontuando-os em cinco momentos diversos:

I

Vemos que a obra inaugural da psicanálise é A interpretação dos sonhos, de1900, mas que obviamente ela não caiu pronta dos céus. O que houve antes? Aqui, nesta primeira parte, veremos descrita a infância da psicanálise freudiana.
A psicanálise cresceu num campo muito restrito: seu objetivo inicial era tão-somente compreender a natureza das “doenças nervosas ‘funcionais’”, e ir além da impotência do tratamento médico até então existente para tais afecções, que era reflexo de opiniões, segundo Freud, que denotavam a falta de compreensão dos médicos sobre o fenômeno (Freud, 1924a, pp. 215).
A pretensão médica se esgotava na explicação de que as paralisias histéricas eram fundadas em ligeiros distúrbios funcionais das mesmas partes do cérebro que, quando gravemente danificadas, levavam às paralisias orgânicas correspondentes. As medidas terapêuticas realizadas pelos médicos envolviam uma forma de endurecer o paciente,seja através de remédios, seja através de zombarias e advertências malcriadas. Havia também a opção terapêutica de utilizar choques elétricos.
Na década de 1880, com o advento do hipnotismo na ciência médica, duas lições puderam ser tiradas: mudanças físicas podiam ser efetuadas a partir de influências mentais e que, posteriormente à devida influência através da hipnose, poder-se-ia especular acerca de processos mentais indiscutivelmente inconscientes. O inconsciente, até então fruto de elucubração filosófica romântica, agora podia ser comprovado concretamente através da hipnose.
A hipnose também se mostrou poderosa auxiliar no estudo das neuroses, sobretudo na histeria. Charcot, por exemplo, teorizou acerca de uma possível etiologia histérica vinculada a traumas, ou seja, pensou o trauma como eliciador de uma paralisia de natureza histérica e até o provou, forjando em pacientes momentos traumáticos sob situação de hipnose que os levavam à paralisia. Janet, por sua vez, analisou como através da hipnose a histeria estava empossada de uma situação de incapacidade constitucional de manter reunidos processos mentais.
O fator decisivo para a psicanálise foram os estudos de Breuer, médico vienense, que curou através da palavra a famosa Anna O. Com ela, Breuer e Freud perceberam que a etiologia dos sintomas histéricos estavam intimamente relacionados à vida emocional do indivíduo e à ação recíproca de forças mentais. Especificamente, o sintoma lhe substituía um determinado afeto que era reprimido por uma ação. Ou seja, o momento traumático reprimido estava esquecido na memória do sujeito. A hipnose, por fazer o sujeito histérico reviver o momento traumático, lhe daria mais liberdade para exprimir o afeto que antes estava reprimido e assim, recuperar-se.
A histeria, portanto, passou a ser explicada como casos anormais em que o caminho percorrido pelo afeto é desviado para uma inervação somática fora do comum (processo chamado de “conversão”), mas que da mesma forma poderia ser levado a outro caminho (processo chamado de “ab-reação”). Para se ver livre do sintoma. Assim funcionava a catarse durante hipnose: ab-reagir o afeto para uma inervação somática correta. O método catártico, dessa forma, foi o primeiro estandarte da psicanálise para lidar com a sintomática neurótica.

II

No segundo momento do texto, é tratada a decorrada da utilização da hipnose como método clínico. Por que Freud parou de utilizá-la? Por duas razões: nem todos eram suscetíveis a entrar em estados hipnóticos (e convenhamos, o próprio Freud não era tão bom hipnotizador assim) e os resultados nem sempre eram satisfatórios, em alguns casos, o sintoma voltava dentro de algum tempo.
Por qual método Freud seguiu, após ter observado as falhas do método hipnótico/catártico? Seguiu com o método de “associações livres”, que implica pedir ao paciente para que fale tudo aquilo que lhe ocorra, o mais desprendido possível das censuras internas ou medo de não fazer sentido. Até hoje este é o método psicanalítico utilizado e, portanto, a “regra de ouro da psicanálise”. Através do que fosse sentindo dito pelo paciente, o psicanalista deve ir auxiliado pela sua atenção flutuante, e assim, interpretar o sentindo do sintoma.
Ao decorrer da utilização do método das associações livres, Freud notou a ocorrência de fenômenos relativos a uma resistência do paciente de contribuir para seu próprio tratamento. A resistência é a mais fundamental ferramenta do processo de recalque de situações conflituosas do sujeito, e ela trabalha em favor justamente do sintoma permanecer como tal, uma vez que a revelação do recalcado, sua emergência, poderia conter um poder tamanho que romperia o sujeito, desintegrando seu ego.
Assim, podemos classificar o sintoma como a convergência de três conceituações:

A - o sintoma neurótico é fruto de um desejo impróprio que foi recalcado, mas escapou a este processo de recalque, por alguma razão;

B - o sintoma neurótico emerge na consciência como tal em razão de uma formação de compromisso com o superego, instância psíquica responsável pela censura, que redefine a forma do desejo de um sintoma;

C – o sintoma neurótico é, portanto, a realização substitutiva de um prazer.

O que, por sua vez, definiria a maneira singular pela qual cada sujeito recalca desejos e pensamentos “impróprios”? Freud responderia que estes fatores remetem-se diretamente à infância, que é tida como o “núcleo das neuroses”. Com o auxílio de dois constructos teóricos que procuram designar complexos por meio dos quais todos nós passamos (complexo de Édipo e complexo de castração), Freud define que a maneira como os sintomas passarão a existir nos sujeitos depende em muito de como o sujeito sairá resolverá a situação edípica, e aprenderá a lidar com suas feridas narcísicas, de desejar e não poder ter.
Naturalmente, se estamos falando de infância, de castrações gradativas no nosso desejo, estamos também no terreno da sexualidade infantil. O livro Três ensaios sobre a sexualidade, de 1905, vem justamente tratar deste assunto tão polêmico, relacionando-a ainda ao fetichismo e a perversão.

III

Agora que já temos descrito brevemente o principal corpo teórico da psicanálise – uma teoria geral da neurose – cremos importante passarmos para o próximo nível de reflexão que o texto propõe: falar de psicopatologia da vida cotidiana, isto é, em que a psicanálise pode ser útil de falar de fenômenos diários sob seu olhar que não sejam sintomas mórbidos, mas participem da vida de todos, normalmente?
Parapraxias, sonhos, chistes, atos falhos, ele responde. O caso é que o sintoma não é a única possibilidade de formação de compromisso, mas também todos esses são formas do recalcado emergir, mediante a forma que o superego, instância censora, lhes determina, para que então, o desejo possa vazar.
Com a análise dos sonhos, pudemos perceber que os sonhos funcionam conforme sintomas neuróticos. Aparentemente sem sentido, mas que através da análise, podem vir a revelar sentidos curiosos e salutares para a vida mental. O sonho é uma realização disfarçada de um desejo recalcado.

IV

Neste quarto momento, Freud dedica-se a discutir alguns vocábulos importantíssimos para a teoria psicanalítica, sendo o primeiro deles “libido”. A libido é a força com que uma pulsão se direciona para um objeto (libido objetal) ou para o próprio ego (libido narcísica).
A interação destas duas formas de libido foi fundamental na descrição e explicação de uma série de quadros sintomáticos, como as neuroses de transferência (histeria, neurose obsessiva) e psicoses. Na neurose, imperaria a libido objetal, enquanto na psicose, a libido narcísica.
Quanto a esse dito distúrbio narcísico libidinal, que é a psicose, a psiquiatria teve muito a contribuir em sua explicação e terapêutica. Tanto é que foi nesta área da medicina que a psicanálise foi primeiramente fundida. Muitos autores procuraram explicações para a psicose, e na época do texto, ainda não se havia compilado grande material suficientemente bom para construir uma teoria geral das psicoses.



V

Por fim, neste último momento do texto Freud preocupa-se em discutir as interfaces entre a psicanálise e o social e como a preocupação de expandir os limites da análise do sujeito para a análise do social representa uma das maiores ampliações da clínica que podemos encontrar na psicologia inteira.
A possibilidade de migrarmos conclusões da instância psíquica individual para uma dita instância psíquica de grupo reside em vários fatos. Por exemplo, no fato de que os opostos (no caso, indivíduo-sociedade) talvez remontem a uma mesma essência. Para tanto, Freud cita um autor da filologia, Karl Abel, que dizia que nas línguas mais antigas, como o egípcio, os opostos eram designados da mesma maneira. Ademais, o vínculo indivíduo-sociedade poderia ser possível, pois algumas evidências são bastante visíveis: o modelo metapsicológico da neurose obsessiva é quase que uma caricatura da religião, por exemplo.
A partir da psicanálise, Freud pôde inferir uma série de observações fundamentais para olhar o social: a sociedade está embasada sob grande renúncia pulsional (isto é, a supressão cultural em muito represou a pulsionalidade e a sociedade criou modos substitutivos de prazer em prol do coletivo, modos esses chamados de sublimação); a análise dos sonhos pode perfeitamente servir para interpretar obras de arte e mitos (muito embora a apreciação estética não seja uma área totalmente cara à psicanálise) e, por fim, a primazia do complexo de Édipo como paradigma regente da teoria psicanalítica.

Roteiro de Leitura: Conferência I (Sigmund Freud, volume XV, 1915)

Conferência I (Introdução) – Parapraxias, Volume XV, 1915.

Para o semestre que se inicia, julgamos salutar iniciar nosso percurso a partir de algumas considerações em torno do texto introdutório à parte I das Conferências Introdutórias à Psicanálise, realizada em 1915. O que se proporia a uma introdução de uma introdução à obra de Freud?
Cremos que, para além dos dados acerca da práxis da psicanálise e das observações de fenômenos clínicos que o texto nos trás, há algo fundamental que se refere a um aspecto do texto que nem todo leitor leigo de Freud presta a atenção: sua retórica. Vamos agora dar atenção maior para o discurso de Freud, para posteriormente retornar ao conteúdo da conferência.
Podemos dividir a obra de Freud em dois tipos de textos: a – textos transcritos de palestras, feitos para serem proclamados, não lidos; b – textos de caráter livresco, para serem lidos, e não proclamados. O presente texto encaixa-se no primeiro tipo, dos textos feitos para serem lidos. O que isso quer dizer?
Quer dizer que encontramos aqui uma preocupação bastante grande com o entendimento do ouvinte, que determina o modo como Freud constrói e costura seu pensamento ao decorrer de sua explicação. O que vemos é um Freud pouco metafórico e bastante indutivo, sempre oferecendo caminhos e descaminhos para o raciocínio correr. Comecemos investigando o público para quem Freud irá proclamar sua teoria: médicos.
Os médicos de meados dos anos 10 certamente possuíam preocupações, posturas e mesmo regência de um paradigma de conhecimento distinto daqueles que a psicanálise preconizava. O que lhes interessava? Ao invés do sentido do sintoma neurótico, lhes era mais caro prestar atenção ao mecanismo fisiológico do sintoma, isto é, no ato médico. Se era o fisiológico que era interessante, também lhes concernia mais o corpo como motor causal sintomático do que a psique. E certamente isto é reflexo de tempos de vigência de um pensamento em que o biológico havia tomado as rédeas causais das afecções humanas, isto é, o corpo encontrava-se em grande posição de evidência. A perspectiva de cura, igualmente, encontrava-se realizando as devidas modificações ao corpo, seja alterando sua fisionomia ou sua química.
Ora, a proposição de uma terapêutica preocupada em dizer que tanto a causa quanto a cura da histeria não mais recaía sobre o corpo era certamente chocante! Como trazer as boas novas à comunidade médica, senão através de uma exposição de idéias bastante premeditada e cuidadosa?
O caso é que frente um público de bases epistemológicas diferentes das bases de Freud, o fundamental era ser o mais maiêutico possível: preparar as fundações do pensamento do público para em seguida fazê-los, eles mesmos, deduzirem o que o fundador da psicanálise descobriu. Quase como que numa atividade de Sherlock Homes, Freud conduzia sua platéia através de um labirinto de ideias.
A escolha de Freud na conferência em questão foi a de apresentar as dificuldades encontradas para o florescimento de sua teoria, para que assim, pudesse facilmente apontar qual é o caminho derradeiro em direção à nova terapêutica da neurose. Ademais, assim Freud também poderia fechar possíveis buracos de raciocínio de sua teoria, podendo também defender-se dos ataques que constantemente sofria. Dessa forma, a complexidade de sua teoria estava assegurada.
Logo de início, nos deparamos com uma grande diferença de sua forma de tratar a neurose para a forma médica: ele anuncia que diferentemente das técnicas mais recentes que os médicos dispõem para oferecer como alternativa aos seus pacientes, no tratamento psicanalítico a sua longa duração, a intrínseca necessidade do esforço por parte do paciente e a difícil previsibilidade de seu êxito ou resultado são características que o fazem mais uma vez desaconselhável para aqueles que não estão dispostos a por em cheque suas certezas. O que não significa que este tratamento não possui efeitos, os quais muitas vezes são irreversíveis, como por exemplo, a mudança na forma com que uma pessoa se relaciona com a própria vida.
Ao decorrer do texto, vemos que as dificuldades enunciadas por Freud não somente referem-se ao seu percurso como novo teórico, mas também as dificuldades que as pessoas enfrentam ao aprendê-la. Que quer dizer? Que há dificuldades relacionadas ao seu ensino e consequentemente a formação daqueles que nela querem se iniciar. Tendo em vista que na medicina os alunos são preparados empiricamente para ver os fenômenos, classificá-los e tratá-los e que em se tratando de psicanálise o trabalho com um paciente resume-se numa simples troca de palavras, é preciso uma grande mudança de atitude com relação aqueles que dela querem se utilizar, isto é, conceber uma nova forma de relacionar-se com o objeto de conhecimento.
A princípio é imprescindível a compreensão de que ao contrário dos sintomas derivados de doenças orgânicas que se apresentam quase sempre da mesma forma nos mais diversos indivíduos, nos sintomas de origem psíquica, tanto as formas de manifestação quanto a origem dos mesmos são de extrema singularidade. Assim, é possível falar que tanto na maneira com que se forma um analista quanto o processo de tratamento de um analisando se dá de um a um, ou seja, sempre de forma única e orientada pela subjetividade da constituição de cada sujeito.
Por isso que Freud destaca a importância do analista ser analisado, uma vez que ao passar por isso, ele se torna mais capaz de assimilar os efeitos do processo de passar por uma análise e os pelos últimos dois motivos que geram as maiores resistências com relação a ela: a idéia de inconsciente e da importância das pulsões de origem sexual na estruturação dos sujeitos e de seus sintomas.
A primeira contraria a asserção extremamente difundida de que a consciência á a característica que define a psique através da afirmação de que a maior parte daquilo que se refere aos processos mentais é de origem inconsciente, logo pouco acessível por parte dos indivíduos. Esse tipo de afirmação é pouco aceito, pois tanto na fundação das ciências, quanto em suas tarefas cotidianas, o homem costuma confiar em sua autonomia, controle e isenção relacionada à sua razão.
A segunda se refere ao fato dos impulsos de ordem sexual terem uma forte influência na constituição do sujeito e na causa das doenças nervosas. Isso se justifica porque assim como o homem para viver em sociedade teve de abdicar a satisfação de seus instintos, cada indivíduo também se dispõem de um sacrifício da satisfação de seus desejos para que possam conviver com outros.
Um possível destino para a energia que não foi despendida na satisfação de instintos pode ser a sublimação, onde essa mesma energia pulsional que poderia ter sido usada para o fim citado acima, se volta para uma atividade socialmente aceita como produções culturais, artísticas e criativas de um modo geral.
Ufa! Tantos novos conceitos. Talvez na leitura dos próximos roteiros, possamos esmiuçar juntos todo este novo universo que se descortina.

Roteiro de Leitura: 5 lições de Psicanálise ( Sigmund Freud, volume XI)

ROTEIRO DAS 5 LIÇÕES DE PSICANÁLISE
1ª LIÇÃO DE PSICANÁLISE
• Histeria: quadro mórbido econtrado em jovens do sexo feminino cujos órgão internos nada revelam de anormal, mas que sofrem de intensos abalos emocionais.
• Breuer - Anna O > notou estados de "absence" (ausência), em que falava palavras que pareciam surgir em seu pensamento> método hipnótico
• Em estado de hipnose, a paciente era incitada a produzir associações com as palavras que havia dito nos estados de ausência> criações psiquicas>tristes fantasias.
• Depois de relatar estas fantasias, Anna O. sentia-se bem durante algum tempo até entrar em outro estado de ausência> cura de conversação> "Limpeza de Chaminé": além do afastamento das perturbações psíquicas, os sintomas também desapareciam quando, na hipnose, a paciente recordava das causas que levaram a estes sintomas.
• Sintomas: surgiam a partir de um "trauma psíquico" (experiências emocionais) e tinham ligação com a cena traumática que o causara.
Eles surgem a partir da não externalização da emoção sentida perante uma situação. Assim, essa situação se tornará truamática.
• A doença se instala porque a emoção desenvolvida nas situações patogências não podiam ter exteriorizadas normalmente. A essência da histeria consistia na atual utilização anormal das emoções "enlatadas".
• Onde existe um sintoma, existe também uma amnésia, uma lacuna de memória, cujo preenchimento suprime as condições que conduzem á produção do sintoma.


2ª LIÇÃO DE PSICANÁLISE
• Breuer -->hipnose: "limpeza da chaminé" --> procedimento catárdico
• Freud--> utiliza da hipnose durante um tempo, mas abandona:
Nem todas as pacientes eram passíveis de hipnose. Assim, prefiriu deixa-las em estado normal de consciência e incentiva-las a falar tudo que lembravam e sabiam para ligar as cenas patogênicas e os sintomas.
Percebeu assim, que as recordações esquecidas jaziam em algum lugar, permanecendo inconscientes e mantidos por resistências.
• Recalque : A mesma força que impede as lembranças voltarem á consciência foi o que as retirou em um primeiro momento.
desejo violento X aspirações morais
Idéia X ego do doente
• O recalque das idéias (desejos) não funcionava--> Foi tirado da consciência, mas o impulso desejoso continuava a existir no inconsciente, esperando para se revelar (formação de substitutos= sintomas, enquanto substituição da idéia reprimida).

3ª LIÇÃO DE PSICANÁLISE

Freud não acreditava que uma idéia concebida pelo doente com atenção concentrada, fosse inteiramente espontânea, sem nenhuma relação com a representação mental e por ele procurada.
• Duas forças contrárias atuantes: Uma é o esforço refletido para trazer à consciência aquilo que já havia sido deslembrado pelo inconsciente e a outra era a resistência, impedindo a passagem para o consciente do elemento reprimido ou dos derivados deste.
• Resistência: quanto mais forte for a resistência, maior é a deformação relativa àquilo que se procura e, que se não fosse por ela o esquecimento se tornaria consciente sem deformação.
• Sintoma e pensamento que substitui o desejado possuem a mesma origem, sendo essa substituição artificial e temporária. Devido à natureza do sintoma, tal pensamento possui certa semelhança com o conteúdo a ser procurado.
Além do estudo relativo às divagações, a interpretação dos sonhos e o estudo dos lapsos e atos casuais servem, também, para se alcançar o inconsciente.
• A interpretação dos sonhos é o meio mais eficiente para se alcançar o inconsciente, é a base mais segura da psicanálise. É campo onde pode por si mesmo chegar a adquirir convicção própria, como maiores aperfeiçoamentos.
• O sonho:
- Na criança seria sempre a realização de desejos que o dia anterior lhe trouxe e que ela não satisfez
- No adulto tem um conteúdo ininteligível, aparentemente sem nenhuma semelhança com satisfação de desejos, no entanto estes sonhos estão distorcidos, e o processo psíquico correspondente teria originariamente uma expressão verbal muito diversa.

• conteúdo manifesto do sonho é o que se lembra do sonho pela manhã, ou seja, é a descrição do sonho.
• O sonho manifesto(recordado e descrito): é uma realização velada de desejos recalcados , logo, seriam conflitos
• Pensamentos latentes: estes existem no inconsciente.
• A elaboração onírica: meio para se estudar melhor os processos psíquicos que se passam no inconsciente, mais exatamente entre dois sistemas psíquicos distintos, consciente e inconsciente. Entre esses processos psíquicos destacam-se condensação e o deslocamento.
• A ansiedade é uma das reações do ego contra desejos reprimidos violentos, sendo perfeitamente explicável a presença dela nos sonhos
• Atos falhos são pequenas falhas( na fala, na escrita, ...) comuns aos indivíduos normais e neuróticos. É o esquecimento de coisas que os indivíduos deviam saber e que ás vezes sabem, de fato.
• Para o psicanalista não existe nada insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas
4ª LIÇÃO DE PSICANÁLISE
• Elemento sexual (libido) com importância nos sintomas (formação de substitutos)
• Acontecimentos determinantes no sintoma estão calcados na infância > "Só os fatos da infância explicam a sensibilidade dos traumatismos futuros e só com o descobrimento desses restos de lembranças...e com a volta deles á consciência é que adquirimos o poder de afastar os sintomas."
• Desejos reprimidos na infância dão força á formação dos sintoma.> estes desejos são tomados por sexuais --.> resistências da sociedade em relação á psicanálise.
• Sexualidade infantil: auto-erotismo> prazer no próprio corpo, sem diferenciação dos corpos masculinos e femininos (independente da função reprodutora).
• É na puberdade que o indivíduo assume um caráter sexua definitivo completamente formado > escolha de objeto externo, repelindo o auto-erotismo.
• Nem todos os impulsos parciais se sujeitam á soberania da zona genital> perversão: substituir a finalidade sexual normal pela sua própria.
• Propensão á neurose deve provir da uma perturbação do desenvolvimento sexual.
• Primitiva escolha de objeto feita pela criança: figuras cuidadoras > pais como objeto de desejo erótico dos filhos.
-filha toma como objeto o pai, desejando o lugar da mãe
-filho toma como objeto a mãe, desejando o lugar do pai
• Esta tríade, repleta de ternura e hostilidade, forma um complexo nuclear de cada neurose> este complexo está destinado á repressão, mas continua a agir no inconscinete com intensidade e persistência.
• Desejo infantil = Mito de Rei Édipo > barreira ao incesto- necessário para função social.
• "É absolutamente normal e inevitável que a criança faça dos pais o objeto da primeira escolha amorosa. Porém, a libido não permanece fixa neste primeiro objeto: posteriormente o tomará apenas como modelo."

5ª LIÇÃO DE PSICANÁLISE
• Indivíduos adoecem quando lhes falta na realidade a satisfação das necessidades sexuais através dos sintomas encontram uma satisfação substituta.
Portanto sintoma com parcela da atividade sexual.
• Resistência á cura: ego se recusa a desfazer recalque + satisfação não muda sem a certeza de um "objeto melhor".
• Cultura X Recalque > realidade insatisfatória
• Doença = fuga da realidade insatisfatória > regressão ás primeiras fases da vida sexual, onde o prazer era imediato.
• Transferência: doente consagra ao médico uma série de sentimentos afetuosos ou hostis, que provém de antigas fantasias tornadas inconscientes.
Paciente revive conteúdos inconscientes na relação com o médico e é na transferência que toma consciência do mesmo, elaborando-os
Transferência como veículo da ação terapêutica
Ocorre na relação com o médico e em toda relação humana
• O doente apresenta feridas na vida psiquica, mas receia toca-las, para não aumentar seu sofrimento.>comparação do tratamento analítico com o trabalho de um cirurgião.
• Um desejo inconsciente tem muito mais força do que quando consciente> tratamento psicanalítico coloca-se como melhor substituto da repressão fracassada, fazendo com que impulsos inconscientes tenham uma utilização conveniente quem deviam ter encontrado antes.
• Sublimação: processo pelo qual a energia dos desejos infantis não se anulam, mas ao contrário, permanecem utilizáveis, substituindo-se o alvo de algumas tendências por outros mais elevados (socialmente aceitos).



1 No texto traduzido pela editora Imago, o termo usado é Repressão, contudo, como se trata de um mecanismo inconsciente, o melhor é a utilização de Recalque.